sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Um dia em Pedra de Guaratiba


Um dia em Pedra de Guaratiba


Nunca se sabe o que nos aguarda ao longo de um dia. Era domingo, o domingo tão planejado em que iríamos para Guaratiba de van alugada pra comer uma bela peixada e poetarmos para comemorarmos o aniversário da cidade. Para não enjoar na van tomamos apenas um café com pãozinho e partirmos para o ponto de encontro que era a casa de um amigo. Chegamos na hora marcada mas nada da van chegar. Depois de algum tempo, tomamos outro café da manhã, resolvemos comer e tomar uma cervejinha, pois ,estava ficando chata a espera. Um pouco depois soubemos que a van estava presa em um engarrafamento na Barra da Tijuca. E nós ,pacientemente, esperando em Ipanema. Nessa hora até cerveja quente vale. Quando já estávamos com o pensamento em outra, surge o telefonema: estamos chegando, vão para a esquina. Pegamos a van em frente ao Hotel Caesar Park e assim que entramos percebi que a van estava um forno, não havia ar condicionado e que o motorista estava de mau-humor. Descobri que o mau-humor era porque havia sido contratada uma lotada para dezesseis pessoas e apenas seis haviam comparecido. O prejuízo seria do motorista. Percorremos todo o caminho conversando sem poder fumar até pararmos e aí: baforadas em um posto de gasolina. Que ironia: isso era falta de juízo. Depois de uma hora e meia chegamos ao nosso destino: Guaratiba. Tínhamos levado um projetor e uma tela de cinema, que saímos carregando pelo meio da rua quando descemos da van.
Tudo tinha que ser levado para o Centro Cultural mas aí, amigos, todo mundo já estava doido para começar a farra depois de tanta espera. E ficamos sem ninguém para nos orientar onde era o Centro Cultural. Fomos à luta e achamos. Logo depois procuramos o banheiro, que para nossa surpresa, não tinha água tampouco papel higiênico, por sinal, nem água de beber tinha. Mas farra é farra, quando a cabeça está bem, nada incomoda. Partimos para o encontro com o resto da turma, que estava sentada bem isolada de tudo. Aí eu perguntei: por que tanto isolamento? e eles disseram que era porque ali era mais fresco. A cerveja, lógico, veio de imediato. Só que Brahma, mas Brahma, me desculpem, eu não bebo. Me poupo da ressaca do dia seguinte. Enfim, começaram a chegar as Antárticas. Bebemos. E eu comecei a sentir falta da peixada. Peixada? Que nada! O dinheiro que tinha sobrado da van, não ia dar para a peixada. E eu fiquei só no aguardo. A boca salivava por um peixe com arroz e um bom pirão. Mas quando veio, eram patas de siri. Patas de siri que foram almoço, lanche, jantar e ceia. Estavam até gostosas mas eram duras de se mastigar para quem tem dentes fracos. Ficamos nessa até o anoitecer. Aí fomos assistir um filme no tal do Centro Cultural que não tinha água, papel higiênico e, descobri também, ventilador. O filme era demorado; o lugar estava quente. Mas aguentei firme até o final. Dando algumas escapadinhas para fumar um cigarro do lado de fora. Desmontamos toda a parafernália do cinema e nos encaminhamos para a van para seguirmos viagem de volta. Eis senão quando descobrimos que a van tinha nos largado para trás e não iria nos levar de volta. Que situação! O que fazer? Fomos para o meio da estrada ver se capturávamos uma van para nos levar e pegamos a primeira. Pra que? O motorista era louco, quase matou todo mundo, tive que quase chorar para ele diminuir a velocidade e ameacei sair da van. Para completar, no meio do caminho a van pegou dois passageiros que eu jurava serem assaltantes. Mas acho que ficaram com pena de nós ou não eram assaltantes. Chegamos à Barrinha. Descemos da van e ficamos por resolver o que iríamos fazer carregando todo aquele equipamento caro de cinema. Não havia alternativa: morreríamos numa grana para pegar um taxi. Não havia outro jeito. Naquela hora, naquele lugar. O jeito era sair rápido. Resultado: se um amigo seu, poeta, te chamar para uma farra descontraída com direito a peixada desconfie. O poeta é um artista da vida. Aliás ele acha que a vida é uma peça.

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